Os meus primeiros tempos de Liceu foram extremamente profícuos em matéria de 'novidades' e 'desconstrução' do expectável e nada nessa altura me poderia fazer crer que haveria de tirar uma licenciatura e ser professor de profissão. Só passei no 3º ano do Liceu (agora 9º ano) porque já quase no final desse ano lectivo ano aconteceu a revolução de Abril e proclamaram-se as passagens administrativas, pois no final do 2º período já estava "tapado por faltas" a quase todas as disciplinas e aquando das realizações dos testes de avaliação ('ponto escrito') eu limitava-me a preencher o cabeçalho e a escrever umas coisas que ia inventando a partir da leitura do manual que apenas lia no próprio dia durante a viagem de autocarro.
O Liceu era o D.Dinis (nos Olivais/ Chelas) e na minha turma tinha o então ilustre desconhecido Zé Pedro (Xutos & Pontapés) que tresandava a patchouli e andava sempre com Lps debaixo do braço.
Reencontrei-o o ano passado no 'Music Box' e,com a ajuda de um vodka-laranja para refrescar a goela, com ele estive uns minutos à conversa relembrando esses tempos e algumas 'maluquices´ que aconteceram nos páteos e sala de convívio do liceu . A par de alguns liceus de Lisboa (o Camões, o Pdre. António Vieira, Pedro Nunes, ...) o Liceu D.Dinis foi na altura um epicentro de tudo o que a revolução de Abril espalhou nesta faixa etária de jovens estudantes enraizando idealismos e utopias que gradualmente se vieram a esbater e a diluir . Para muitos dessa altura o 'remar contra o instituído' pode agora parecer ter sido apenas 'coisa própria da idade' mas eu continuo a achar que cada vez mais é preciso 'Remar, Remar'.
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