Já na fase de adulto precoce fiz teatro-amador e pela amizade travada com o ensaiador vi-me envolvido com uma certa nata da intelectualidade lisboeta . Uma dessas pessoas era uma portuguesa artista plástica que como 'ganha-pão' era decoradora de montras. A 1ª exposição pessoal desta artista teve no dia de abertura ao público um "espectáculo de boas-vindas" para quem se se deslocou à galeria , na maior parte pessoas convidadas pessoalmente pela autora. O espectáculo assentava essencialmente na actuação dos 'Faíscas' e eu integrava um conjunto de figurantes que se dispuseram ao redor da banda , tendo cada um a incumbência de desempenhar determinado 'papel' naquele cenário. A mim calhou estar sentado numa pequena mesa a jogar xadrez , concentradíssimo ( a menos de 1 metro do baterista que frenética e desalmadamente batia em tudo o que a minúscula bateria incluia ).
Pedro Ayres de Magalhães era na altura conhecido pelo 'Dedos de Tubarão' e era o baixista desta banda punk. Acabada a representação juntaram-se 'os artistas' num convívio e lembro-me de também ter estado uns minutos à conversa com o 'Dedos de Tubarão' acerca de ... ir a um Carnaval no Rio de Janeiro!
Os 'Faíscas' degeneraram depois no grupo (ainda punk) 'Corpo Diplomático' e, como é sabido, mais tarde nos 'Heróis do Mar'. Apesar de agora lhes reconhecer a importância, 'nunca fui muito à bola' com os Heróis do Mar, muito por causa daquele antiga tarde na galeria e sensação de que esta sua nova faceta era a antítese do espírito e rebeldia que encarnara enquanto 'Dedos de Tubarão' e a constatação de que afinal não era homem para se manter fiel a 'causas perdidas' .
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